O que é toxoplasmose ocular?

toxoplasmose ocular é uma doença dos olhos provocada por um protozoário designado por “toxoplasma gondii”. A toxoplasmose também é conhecida como a “doença do gato” por ser, habitualmente, transmitida pelas fezes deste animal, sendo ele o hospedeiro definitivo. Os roedores, os pássaros, os animais domésticos e o homem são hospedeiros intermediários.

toxoplasmose é uma doença infeciosa crónica e recidivante que pode provocar danos em diversas partes do nosso organismo e não apenas nos olhos. Aqui, iremos unicamente focarmo-nos nos problemas oculares (toxoplasmose nos olhos) provocados pela doença.

A toxoplasmose ocular provoca uma ou várias lesões (cicatrizes) na retina como retinite necrosante focal, associada a vitrite e, por vezes, com uveíte. A retina é a estrutura que capta as imagens e as transmite ao cérebro através do nervo ótico.

Quanto maiores forem as lesões provocadas pela toxoplasmose mais comprometida estará a visão podendo até, em alguns casos, o doente vir a cegar. As lesões vão ficando cicatrizadas sob a forma de múltiplas áreas de branco acinzentadas ao nível do epitélio pigmentado da retina e quanto maiores forem maior será a sua interferência na visão, podendo mesmo conduzir à cegueira, se a lesão for na mácula.

Esta patologia pode provocar lesões num olho (unilateral) ou nos dois olhos (bilateral).

Toxoplasmose ocular – causas

As causas da toxoplasmose ocular podem ser as seguintes:

  • infeção congénita (ocorre na gravidez, os fetos são contaminados na barriga da progenitora/mãe) por transmissão placentária;
  • infeção adquirida, nesta situação a infeção pelo parasita “toxoplasma gondii” é provocada pelo consumo de alimentos mal cozinhados, vegetais mal lavados, consumo de água contaminada, ovos crus, leite não pasteurizado, etc (via digestiva);
  • por inoculação cutânea, por transfusão sanguínea ou por transplante de órgão.

Na maioria dos casos a toxoplasmose ocular tem como causa a infeção adquirida, sendo a infeção congénita a menos frequente, mas com reativações tardias na maior parte dos casos.

A toxoplasmose ocular é, maioritariamente, diagnosticada em recém-nascidos, crianças, grávidas e em pacientes imunodeprimidos (doentes com HIV, doentes submetidos a quimioterapia, entre outros). As lesões oculares podem ser aguadas ou cicatriciais.

Saiba, aqui, tudo sobre toxoplasmose e gravidez.

Toxoplasmose ocular – sintomas

Na toxoplasmose ocular os sintomas dependem da localização, do tamanho, do número das lesões e da intensidade da vitrite associada às formas agudas. A sua localização mais frequente é na retina.

Em algumas fases da doença pode ser assintomática, noutros casos, pode verificar-se os seguintes sinais e sintomas:

Podem surgir complicações como, por exemplo, uma grave inflamação vítrea ou descolamento da retina, comprometimento dos nervos óticos (nevrite ótica ou papilite), retinites, neurorretinites, e pseudorretinites, pressão intraocular elevada (glaucoma), catarata e atrofia ótica.

As lesões da toxoplasmose posterior da retina e daa coroide podem provocar uveítes posteriores. As lesões na parte anterior da retina provocam uveítes anteriores.

Outros sintomas, como febre baixa, mal estar, amigdalite, inflamação dos gânglios (atrás das orelhas e da cabeça) e lesões cerebrais (mais frequente em crianças) podem também estar presentes.

Toxoplasmose ocular – diagnóstico

diagnóstico da toxoplasmose ocular pode ser efetuado através da observação do fundo ocular (diagnóstico clínico) e de técnicas não invasivas que têm como base, na sua funcionalidade, os raios infravermelhos.

O diagnóstico baseia-se, sobretudo, no achado de uma lesão patognomónica (lesão aguda satélite de lesão cicatricial).

Os exames complementares são essenciais na ajuda do diagnóstico da toxoplasmose ocular e possíveis lesões. A angiofluoresceinografia, a indocianina verde (ICG), tomografia de coerência ótica (OCT) e a ultra-sonografia são exames utilizados para diagnosticar a toxoplasmose ocular, assim como o teste de imuno-fluorescência indireta o teste de imuno-enzimático para o IgG e IgN.

Toxoplasmose ocular tem cura?

toxoplasmose ocular tem cura quando a doença é diagnosticada precocemente e é tratada de forma adequada. Em muitos casos, no entanto e apesar de se efetuarem os procedimentos médicos adequados, a toxoplasmose ocular pode voltar a manifestar-se e vai deixando sequelas na vista.

Desta forma, não se pode dizer que exista uma cura definitiva para lesões já existentes (quando a doença já provocou lesões oculares irreversíveis).

Toxoplasmose ocular – tratamento

No tratamento da toxoplasmose ocular o grande objetivo é evitar a multiplicação do parasita no seu período ativo e minimizar os danos na retina e no nervo ótico. Na maioria das vezes, o tratamento da toxoplasmose ocular exige que se combine vários medicamentos com diferentes propriedades.

O tratamento mais comum na toxoplasmose ocular é o uso de combinação de medicamentos com propriedades do trimetoprim, sulfametoxazol ou intravítrea de clindamicina / dexametasona pirimetamina, sulfadiazina, clindamicina e predmisolona (corticosteroides). Mais recentemente, no tratamento da toxoplasmose ocular tem sido utilizado trimetoprim (80 mg), sulfametoxazol (400 mg) e predmisolona oral (1 mg / kg/dia).

No caso dos recém-nascidos a toxoplasmose ocular deve ser tratada através da administração, no primeiro ano de vida, de pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico.

Para além de tratamento com medicamentos, a toxoplasmose ocular pode ser tratada com recurso a técnicas cirúrgicas (cirurgia) como, por exemplo, a fotocoagulação, crioterapia (estas duas técnicas podem ter como complicações hemorragias intraretinianas e hemorragia vítrea) e vitrectomia (indicada em casos de descolamento de retina ou nos casos em que as opacidades vítreas persistem).

prevenção da toxoplasmose ocular é muito importante para evitar que o parasita “toxoplasma gondii” atinja o nosso organismo e se propague essencialmente em grávidas. Devem ser adotadas algumas medidas de prevenção.

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